quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Ciência sobre Rodas

A Festa em construção
Espaço Ciência realça transportes terrestres


O Espaço da Ciência na Festa do Avante!, agora situado ao pé do lago juntamente com a Astronomia, incidirá este ano sobre os transportes terrestres, «da roda ao TGV». Em destaque estarão os avanços científicos e tecnológicos neste sector, bem como os seus impactos no meio ambiente e nas formas de vida das populações.



De todos os inventos do homem, poucos terão sido tão importantes como a roda para o desenvolvimento técnico e científico – mas também económico e social – da humanidade. A partir do invento da roda – na Mesopotâmia, algures por volta de 3500 a.c. – os homens passaram a deslocar-se com maior rapidez entre distâncias cada vez maiores e com a capacidade de transportar não só pessoas como carga e mercadorias.

Atrás desta invenção – a «mãe» de todas as invenções do homem – vieram as estradas, os caminhos e os veículos, cada vez mais sofisticados e poderosos. Na Mesopotâmia, as estradas serviam inicialmente para facilitar o transporte de comerciantes entre aldeias, vilas ou cidades. Neste local nasceram também os primeiros veículos de quatro rodas, puxados por animais. Na Suméria, mil anos depois da invenção da roda situar-se-á o aparecimento do primeiro carro de duas rodas, mais rápido e ágil para ser utilizado na guerra.

Pela mesma altura, mas no Egipto, surge a primeira estrada de pedra, de um quilómetro. A roda raiada, o carro de corrida ou os carros de um boi, estes últimos surgidos na China, foram algumas das mais notáveis criações humanas.

Destes tempos aos nossos dias muitas foram as criações humanas. A máquina a vapor, motor da Revolução Industrial, permitiu deslocações mais poderosas e mais rápidas. As infra-estruturas desenvolveram-se e criaram-se pontes, túneis e carris. A própria noção do tempo alterou-se. Antes do aparecimento do caminho-de-ferro, cada cidade tinha a sua hora própria, diferente de todas as outras. A partir de então, ao longo do percurso de um comboio, passou a existir «a hora do comboio».

O automóvel e o eléctrico foram as invenções seguintes e muitas mais se seguirão.


Augusto Flor, da Direcção da Festa do Avante! e responsável pelo Grupo de Trabalho da Ciência justifica a escolha do tema: «a questão dos transportes acompanha a evolução humana desde sempre.» Em sua opinião, este tema liga-se com a mobilidade e a liberdade do ser humano, com a interculturalidade e também com a economia e com a qualidade de vida.

«Da roda ao TGV»

Assim, estarão em destaque na exposição deste ano do Espaço da Ciência os transportes terrestres «da roda ao TGV», portanto, cerca de cinco mil anos de evolução da humanidade. Para esta exposição, conta Anabela Silva, do grupo de trabalho, foram definidas quatro épocas fundamentais. A primeira, de 3500 a.C. a 1700 d.C., é intitulada «A roda e os primeiros veículos» e a seguinte aborda os tempos da revolução industrial (de 1700 a 1880 d.C.) e tem como lema «A todo o vapor». «A ascensão do automóvel e do eléctrico» é a época seguinte, que engloba os anos de 1880 a 1960 da nossa Era. «A actualidade», é a época seguinte. A finalizar, em «O futuro», traçam-se perspectivas de desenvolvimento, revelou Anabela Silva.

Augusto Flor realçou ainda que dentro de cada uma destas épocas há diferentes perspectivas de abordagem: os meios de transporte; as infra-estruturas; o impacto deste desenvolvimento nas artes e nas letras; e também as suas consequências sociais, políticas e ambientais.

Alice Figueira, responsável no Grupo de Trabalho pelo sector das artes e letras, realça os impactos dos transportes nas diversas artes, particularmente na literatura. Em Viagens na Minha Terra, Almeida Garrett descreve as carroças, os carros de burros e também o comboio. E já surgem as estradas, «ainda muito desconfortáveis». Na poesia de Cesário Verde aparecem as estradas macadamizadas, e Álvaro de Campos, na Ode Triunfal dá «grande relevo ao automóvel». Em obras mais antigas surgem referências, mas é com os meios mais modernos que os impactos se fazem sentir mais, afirmou Alice Figueira.

Também ao nível das infra-estruturas, os elementos do grupo de trabalho descobriram já coisas interessantes e para muitos desconhecidas. O traçado das principais estradas portuguesas actuais é semelhante ao das estradas romanas, que também tinham dimensões e materiais diferentes, correspondendo a cada categoria de via.

Actualmente, a nanotecnologia é já uma realidade no sector dos transportes terrestres, assim como a navegação por satélite.

in Jornal Avante! Nº 1758 09.Agosto.2007

3 comentários:

Anónimo disse...

"Eles não sabem, nem sonham,

que o sonho comanda a vida,

que sempre que um homem sonha

o mundo pula e avança

como bola colorida

entre as mãos de uma criança."
.António Gedeão.

[vivemos a transformar o sonho em vida!]

Anónimo disse...

Tenho pena não ir ao Avante! :S

Anónimo disse...

Maravilhoso o espaço da festa.
Muita azáfama com muita gente.
A festa será ainda melhor.
Eu lá estarei a todo o vapor.

AS