Estradas, carris e GPS
Agora num espaço próprio junto ao lago, o Espaço da Ciência foi, este ano, dedicado aos transportes terrestres. Partilhado o espaço, era também comum o tema da Física e Astronomia. À entrada do pavilhão, era frequente ver o astrónomo Máximo Ferreira rodeado de curiosos a explicar o contributo das estrelas para os transportes.
Atrás, em painéis, explicava-se que a observação das estrelas pode guiar as pessoas nas suas deslocações. Foi isso mesmo que aprenderam a fazer os fenícios em 1100 a.C., quando utilizaram as estrelas para governar os barcos durante a noite. Foi isso mesmo que aprenderam vários outros povos antigos, que usaram o Sol e as estrelas para se orientarem e a partir daqui puderam definir os quatro pontos cardeais – norte, sul, este e oeste. Depois surgiu a bússola, por invenção chinesa. Conhecendo o norte magnético passou a ser possível seguir direcções bem precisas.
Mais recentemente, surgiu o GPS que dá as coordenadas de qualquer lugar da Terra através de um receptor. Este sistema recorre-se de 24 satélites artificiais, quatro dos quais sempre visíveis em qualquer lugar da terra. Em breve, o Galileu (versão europeia do norte-americano GPS) será instalado no espaço, com a promessa de corrigir a actual margem de erro do GPS de 20 para 7 metros.
Saindo da astronomia, entrava-se na Física. E a aprendizagem prosseguiu. Com o auxílio dos jovens do Núcleo de Física do Instituto Superior Técnico era possível observar, experimentar e perceber o funcionamento de importantes máquinas e inventos. Lendo os painéis e ouvindo os jovens físicos, soubemos que a máquina a vapor é semelhante a uma chaleira com água a ferver (em escalas e com aproveitamentos diferentes, claro está) e que o armazenamento é a grande questão ao quando se fala de energia solar e que este pode ser feito com recurso (não só mas também) à água.
A roda e os traseiros de cavalo
Deixando para trás a Física e a Astronomia, entramos na exposição dedicada especificamente aos transportes terrestres, «da Roda ao TGV». Em estantes, com o aviso de «não mexer» podem observar-se pequenas reproduções de motores e automóveis, deixando claro o tremendo desenvolvimento tecnológico verificado neste sector não só nas últimas décadas, como desde a invenção da roda, em 3500 a.C.
A tecnologia avançou muito, é certo. Mas ainda hoje estamos condicionados a invenções que remontam à antiguidade. Ao inventarem os carros, os romanos fizeram-no com uma medida que permitisse acomodar dois traseiros de cavalo. Na Inglaterra da Revolução Industrial, nasceu o comboio, a partir dos carris que utilizavam carros cuja medida era… dois traseiros de cavalo.
Mas não ficamos por aqui: o vai-e-vem espacial norte-americano, o famoso Space Shuttle, utiliza dois tanques de combustível que foram projectados por engenheiros de Utah. O seu desejo era construí-los mais largos, mas existia uma limitação objectiva: a largura dos túneis ferroviários por onde iam ser transportados. Resumindo, como se lia num painel da exposição, «o exemplo mais avançado da engenharia mundial em design e tecnologia foi condicionado pelas dimensões do traseiro dos cavalos romanos». Sempre a aprender.
O desenvolvimento foi rápido, demonstrou-se na exposição. Se em 1880 ainda não havia automóvel, oitenta anos mais tarde, havia já 95 milhões, todos movidos por motores de combustão interna – ou seja, mais rápidos, leves e potentes do que as velhas máquinas a vapor. O primeiro automóvel a chegar a Portugal foi um Panhard-Levassor, importado pelo Conde de Avilez em 1895.
Transportes e política de transportes
Ao falarmos de ciência não podemos falar apenas de ciência. Frequentemente, colocam-se-nos algumas questões como «a quem serve o desenvolvimento tecnológico?» ou «porque razão existem ainda milhões de pessoas privadas de transporte e de infra-estruturas básicas?».
Na exposição e nos debates do Espaço da Ciência da Festa do Avante! fizeram-se estas e outras perguntas e avançaram-se sugestões de respostas. Num painel da exposição, lembrava-se as conclusões do XVII Congresso do Partido acerca do sector, destacando os desastrosos resultados das «políticas e medidas sujeitas ao objectivo de total privatização e liberalização do sector e total subordinação aos interesses do grande capital».
As consequências para a saúde pública da utilização dos combustíveis fósseis também foram afiançadas na exposição. Num dos painéis enumerava-se as matérias poluentes e explicitava-se os seus efeitos.
No auditório de debates do Espaço da Ciência, foram debatidos estes e outros temas. O professor Manuel Tão, o engenheiro Rego Mendes e José Fonseca debateram «os transportes terrestres e os avanços tecnológicos», enquanto que Ana Maria Silva e Alice Figueira debruçaram-se sobre os impactes destes avanços na poesia, num debate intitulado «Poesia sobre rodas».
«Transportes terrestres e poluição, uma questão de saúde pública» foi o tema de outra sessão, que contou com a participação dos professores Luís Vicente, Silva Santos e Anabela Silva. A política nacional de transportes e a alternativa que o PCP propõe esteve em discussão. Participaram Amável Alves, da CGTP-IN, o deputado do PCP Bruno Dias, e Eduardo Vieira, responsável pelo sector de transportes da Direcção da Organização Regional de Lisboa do Partido. O futuro dos transportes terrestres no que respeita à energia foi o tema abordado pelo engenheiro Carlos Carvalho, pelo professor Rui Namorado Rosa e pela economista Sílvia Silva.
O astrónomo Máximo Ferreira e a professora Lurdes Silva falaram sobre o «ano internacional da Heliofísica» que se comemora em 2007.
«Teatro sobre rodas» foi o tema do apontamento teatral dirigido por Célia Silva. As crianças também tinham o seu espaço, onde podiam aprender, jogar e desenhar acerca dos transportes e das regras de segurança.
texto retirado do jornal Avante!
Atrás, em painéis, explicava-se que a observação das estrelas pode guiar as pessoas nas suas deslocações. Foi isso mesmo que aprenderam a fazer os fenícios em 1100 a.C., quando utilizaram as estrelas para governar os barcos durante a noite. Foi isso mesmo que aprenderam vários outros povos antigos, que usaram o Sol e as estrelas para se orientarem e a partir daqui puderam definir os quatro pontos cardeais – norte, sul, este e oeste. Depois surgiu a bússola, por invenção chinesa. Conhecendo o norte magnético passou a ser possível seguir direcções bem precisas.
Mais recentemente, surgiu o GPS que dá as coordenadas de qualquer lugar da Terra através de um receptor. Este sistema recorre-se de 24 satélites artificiais, quatro dos quais sempre visíveis em qualquer lugar da terra. Em breve, o Galileu (versão europeia do norte-americano GPS) será instalado no espaço, com a promessa de corrigir a actual margem de erro do GPS de 20 para 7 metros.
Saindo da astronomia, entrava-se na Física. E a aprendizagem prosseguiu. Com o auxílio dos jovens do Núcleo de Física do Instituto Superior Técnico era possível observar, experimentar e perceber o funcionamento de importantes máquinas e inventos. Lendo os painéis e ouvindo os jovens físicos, soubemos que a máquina a vapor é semelhante a uma chaleira com água a ferver (em escalas e com aproveitamentos diferentes, claro está) e que o armazenamento é a grande questão ao quando se fala de energia solar e que este pode ser feito com recurso (não só mas também) à água.
A roda e os traseiros de cavalo
Deixando para trás a Física e a Astronomia, entramos na exposição dedicada especificamente aos transportes terrestres, «da Roda ao TGV». Em estantes, com o aviso de «não mexer» podem observar-se pequenas reproduções de motores e automóveis, deixando claro o tremendo desenvolvimento tecnológico verificado neste sector não só nas últimas décadas, como desde a invenção da roda, em 3500 a.C.
A tecnologia avançou muito, é certo. Mas ainda hoje estamos condicionados a invenções que remontam à antiguidade. Ao inventarem os carros, os romanos fizeram-no com uma medida que permitisse acomodar dois traseiros de cavalo. Na Inglaterra da Revolução Industrial, nasceu o comboio, a partir dos carris que utilizavam carros cuja medida era… dois traseiros de cavalo.
Mas não ficamos por aqui: o vai-e-vem espacial norte-americano, o famoso Space Shuttle, utiliza dois tanques de combustível que foram projectados por engenheiros de Utah. O seu desejo era construí-los mais largos, mas existia uma limitação objectiva: a largura dos túneis ferroviários por onde iam ser transportados. Resumindo, como se lia num painel da exposição, «o exemplo mais avançado da engenharia mundial em design e tecnologia foi condicionado pelas dimensões do traseiro dos cavalos romanos». Sempre a aprender.
O desenvolvimento foi rápido, demonstrou-se na exposição. Se em 1880 ainda não havia automóvel, oitenta anos mais tarde, havia já 95 milhões, todos movidos por motores de combustão interna – ou seja, mais rápidos, leves e potentes do que as velhas máquinas a vapor. O primeiro automóvel a chegar a Portugal foi um Panhard-Levassor, importado pelo Conde de Avilez em 1895.
Transportes e política de transportes
Ao falarmos de ciência não podemos falar apenas de ciência. Frequentemente, colocam-se-nos algumas questões como «a quem serve o desenvolvimento tecnológico?» ou «porque razão existem ainda milhões de pessoas privadas de transporte e de infra-estruturas básicas?».
Na exposição e nos debates do Espaço da Ciência da Festa do Avante! fizeram-se estas e outras perguntas e avançaram-se sugestões de respostas. Num painel da exposição, lembrava-se as conclusões do XVII Congresso do Partido acerca do sector, destacando os desastrosos resultados das «políticas e medidas sujeitas ao objectivo de total privatização e liberalização do sector e total subordinação aos interesses do grande capital».
As consequências para a saúde pública da utilização dos combustíveis fósseis também foram afiançadas na exposição. Num dos painéis enumerava-se as matérias poluentes e explicitava-se os seus efeitos.
No auditório de debates do Espaço da Ciência, foram debatidos estes e outros temas. O professor Manuel Tão, o engenheiro Rego Mendes e José Fonseca debateram «os transportes terrestres e os avanços tecnológicos», enquanto que Ana Maria Silva e Alice Figueira debruçaram-se sobre os impactes destes avanços na poesia, num debate intitulado «Poesia sobre rodas».
«Transportes terrestres e poluição, uma questão de saúde pública» foi o tema de outra sessão, que contou com a participação dos professores Luís Vicente, Silva Santos e Anabela Silva. A política nacional de transportes e a alternativa que o PCP propõe esteve em discussão. Participaram Amável Alves, da CGTP-IN, o deputado do PCP Bruno Dias, e Eduardo Vieira, responsável pelo sector de transportes da Direcção da Organização Regional de Lisboa do Partido. O futuro dos transportes terrestres no que respeita à energia foi o tema abordado pelo engenheiro Carlos Carvalho, pelo professor Rui Namorado Rosa e pela economista Sílvia Silva.
O astrónomo Máximo Ferreira e a professora Lurdes Silva falaram sobre o «ano internacional da Heliofísica» que se comemora em 2007.
«Teatro sobre rodas» foi o tema do apontamento teatral dirigido por Célia Silva. As crianças também tinham o seu espaço, onde podiam aprender, jogar e desenhar acerca dos transportes e das regras de segurança.
texto retirado do jornal Avante!
1 comentário:
E fotos com os trabalhadores deste espaço? hum hum? :P
Galamba
Enviar um comentário